O estado de vigilância está agora a entrar nos esgotos. A polícia chinesa está a analisar as águas residuais em busca da presença de substâncias ilegais, usando os dados para encontrar fabricantes de drogas ilegais. À medida que as drogas passam pelos corpos das pessoas, elas podem estar a deixar um rastro para a polícia seguir.
Li Xiqing, um químico ambiental da Universidade de Pequim que está a ajudar as autoridades na empreitada, disse à Nature que a polícia começou a usar epidemiologia à base de água (WBE) em Zhongshan para rastrear o uso de drogas pela cidade e prender fabricantes de substâncias ilícitas. Várias cidades chinesas também estão a usar a mesma técnica para rastrear o uso de drogas, segundo a Nature.
A tecnologia WBE mede a quantidade de droga presente nas águas residuais e é, geralmente, um indicador confiável de uso de tóxicos nos bairros.
Li e os cientistas da Universidade de Pequim compararam os dados de WBE para metanfetaminas e cetaminas ao longo de um período de dois anos depois de uma nova repressão federal às populares drogas em 2013. Conforme Li disse à Nature, o uso de metanfetaminas caiu em 42%, e o de cetaminas, em 67%.
Li credita a queda ao maior número de intervenções policiais, mas também aponta que a vigilância policial não era o propósito original da tecnologia de WBE. Os cientistas, em vez disso, a usavam para ajudar governos a medirem a eficácia geral de programas de redução de drogas.
Embora a Nature tenha destacado a China, a tecnologia de WBE está a ser testada também nos Estados Unidos. Dois estudantes de pós-graduação do MIT, por exemplo, esperam levar a WBE para cidades que estão a enfrentar dificuldades com o vício em opioides.