Como funciona a tecnologia que promete carregar baterias em apenas cinco minutos

 

Se ter autonomia prolongada é um desafio para as baterias de hoje em dia, uma alternativa para agradar às designers (como aparelhos mais finos) e aos utilizadores (mais duração) é adoptar tecnologias de carregamento rápido. Já vemos em grande parte dos Androids e, mais recentemente nos iPhones, baterias que chegam a 50% ou 80% em cerca de 30 minutos, dependendo do tamanho da bateria e da tecnologia utilizada.

A startup Israelita StoreDot tem uma proposta mais agressiva para resolver o carregamento rápido do telefone e de baterias de veículos autónomos. A intenção da empresa é levar a bateria dos 0% aos 100% de carga em apenas cinco minutos. A diferença fundamental para alcançar esta marca é a substituição do grafite por nanomateriais especiais nas baterias de iões de lítio.

Ou seja, não se trata de um novo tipo de bateria, o que muda são alguns dos materiais que revestem a bateria. Deste modo, a taxa de difusão, que é o quão rápido os iões do lítio conseguem se dissipar dentro da estrutura do eléctrodo, é muito maior.

O princípio fundamental para alcançar um carregamento mais rápido é a diminuição da resistência da bateria e o aumento das correntes elétricas. Para resolver problemas de superaquecimento e perigo de explosões, a StoreDot desenvolveu nanomateriais que revestem a bateria. “Esse revestimento é feito com moléculas proprietárias que sintetizamos a partir do zero nos nossos laboratórios. Pode ser um polímero rico em lítio que actua como um aglutinante, por exemplo, bem como uma protecção feita com materiais inorgânicos ativos (por exemplo, o silício)”, explica Myersdorf.

A tecnologia, no entanto, não adiciona mais novidades às baterias: a autonomia no dia a dia deve ser a mesma de uma bateria comum, dependendo do tamanho dela e da eficiência enérgica do ecrã, do processador e outros componentes dos dispositivos. Além disso, a vida útil é similar às baterias atuais: são necessários 500 ciclos completos (descarregar até 0% e chegar aos 100%), para que ela chegue a 80% de sua capacidade original – a partir daí, a autonomia vai caindo cada vez mais.

O grande desafio para a StoreDot neste momento é o escalonamento de produção dos nanomateriais. A empresa iniciou à pouco tempo uma produção em parceria com a japonesa TDK, mas ainda assim a viabilidade dos nanomateriais torna a tecnologia mais cara do que a concorrência.

“No entanto, quando aumentarmos a escala e começarmos de facto a produzir, o preço deve ser similar ao preço das baterias tradicionais actuais.  Pode ser um pouco mais cara, talvez 10% mais cara, por causa do processamento de partículas”, afirma o CEO.

A tecnologia para as baterias de smartphone está quase finalizada, mas ainda pode demorar um pouco mais um ano para que a StoreDot venda os seus produtos para o mercado. A intenção é disponibilizá-la em smartphones e powerpacks. Parceiros não faltam, entre eles a própria Samsung e a BP British Petroleum.

O interesse de uma empresa de petróleo nessa tecnologia pode parecer estranho no início, mas como comentamos acima, a StoreDot está desenvolvendo esta mesma tecnologia para baterias de carros elétricos. A promessa é a mesma: carga completa em apenas cinco minutos, oferecendo 480 km de autonomia num curto espaço de tempo. Esta realidade, no entanto, está um pouco mais distante: “Pode demorar mais alguns anos”, diz Myersdorf.

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